quarta-feira, junho 23, 2004
OS EIXOS E OS PLANEAMENTOS ESTRATÉGICOS
Com escassas expectativas em mente , deu-me para ir assistir ontem , no CAE , à soleníssima apresentação , pelo Prof Luís Tadeu , de um Plano Estratégico de Desenvolvimento de um chamado eixo Figueira-Montemor-Soure-Coimbra , e não sei mais quê...
Aparentemente , tratar-se-à tão só , por ora , de documentos preparatórios e preliminares.
Mas dão já para alguns juizos , também preliminares .
Na forma , a apresentação foi sedutora e feita segundo as regras da arte destas coisas : muitas setas para cima , para baixo , para o lado, cruzando-se entre si ; muitas bolinhas e quadradinhos coloridos , mais uns cronogramas de blocos horizontais . Não podia mesmo faltar uma análise SWOT , mais uma .
Tudo isto ia sendo acompanhado por uma exuberante girândola dos mais batidos termos e expressões de planeamentês , o jargão dos especialistas em planeamento e estratégia . Que é assim uma espécie de dialecto , feito de mistura do politiquês e do consultês .
Soltou-se assim uma panóplia de sonoras palavras , capazes de fascinar qualquer boa alma .
Fui ouvindo falar de eixos de desenvolvimento , de plataformas de valor acrescentado , de plataformas polinucleadas , do inevitável interland de âmbito ibérico , de eixos enquadramentos estratégicos , de projectos integradores , de sinergias , de visões de desenvolvimento , de círculos virtuosos , de vantagens competitivas , de massa crítica , de áreas , factores ou vectores estruturantes , de estratégias globais .
E , é claro , das incontornáveis acessibilidades , esse típico termo de politiquês pechisbeque , muito mais fino de dizer do que simplesmente acessos , uma palavra bem mais prosaica e simplória , mas de bom português
Tudo espremido , não entendi que daquele exercício académico , bom para uma tese de mestrado , resultasse qualquer novidade , nem nada de que há muito não houvesse diagnóstico feito , nem nada que não se saiba há muito ser preciso .
Que o porto é importantíssimo e tem de ser melhorado , que tem de haver formação de mão de obra qualificada , que tem de haver atractivos para captar investimentos , que se tem de melhorar a acessibilidade ( no singular!...) rodoviária e ferroviária , que faz falta o campo de golfe , que é indispensável aproveitar as vantagens competitivas , que é preciso investir no turismo de qualidade etc etc.
Enfim , o que é normalmente a chapa quatro de qualquer programa eleitoral de uma candidatura autárquica que se preze .
Para o fim da sessão , alguém fez uma pergunta , entre a ingenuidade e a marotice , sobre o grandioso centro de estágios que fora bombasticamente anunciado ali para os lados de Buarcos .
Era estruturante e estratégico, dizia-se , e ia até servir para o Euro 2004....
Veio a informação : o plano falhou por razões várias (sic...) , mas está a ser planeado , em vez disso , um complexo polidesportivo que vai ter um campo de golfe e tudo...
Com escassas expectativas em mente , deu-me para ir assistir ontem , no CAE , à soleníssima apresentação , pelo Prof Luís Tadeu , de um Plano Estratégico de Desenvolvimento de um chamado eixo Figueira-Montemor-Soure-Coimbra , e não sei mais quê...
Aparentemente , tratar-se-à tão só , por ora , de documentos preparatórios e preliminares.
Mas dão já para alguns juizos , também preliminares .
Na forma , a apresentação foi sedutora e feita segundo as regras da arte destas coisas : muitas setas para cima , para baixo , para o lado, cruzando-se entre si ; muitas bolinhas e quadradinhos coloridos , mais uns cronogramas de blocos horizontais . Não podia mesmo faltar uma análise SWOT , mais uma .
Tudo isto ia sendo acompanhado por uma exuberante girândola dos mais batidos termos e expressões de planeamentês , o jargão dos especialistas em planeamento e estratégia . Que é assim uma espécie de dialecto , feito de mistura do politiquês e do consultês .
Soltou-se assim uma panóplia de sonoras palavras , capazes de fascinar qualquer boa alma .
Fui ouvindo falar de eixos de desenvolvimento , de plataformas de valor acrescentado , de plataformas polinucleadas , do inevitável interland de âmbito ibérico , de eixos enquadramentos estratégicos , de projectos integradores , de sinergias , de visões de desenvolvimento , de círculos virtuosos , de vantagens competitivas , de massa crítica , de áreas , factores ou vectores estruturantes , de estratégias globais .
E , é claro , das incontornáveis acessibilidades , esse típico termo de politiquês pechisbeque , muito mais fino de dizer do que simplesmente acessos , uma palavra bem mais prosaica e simplória , mas de bom português
Tudo espremido , não entendi que daquele exercício académico , bom para uma tese de mestrado , resultasse qualquer novidade , nem nada de que há muito não houvesse diagnóstico feito , nem nada que não se saiba há muito ser preciso .
Que o porto é importantíssimo e tem de ser melhorado , que tem de haver formação de mão de obra qualificada , que tem de haver atractivos para captar investimentos , que se tem de melhorar a acessibilidade ( no singular!...) rodoviária e ferroviária , que faz falta o campo de golfe , que é indispensável aproveitar as vantagens competitivas , que é preciso investir no turismo de qualidade etc etc.
Enfim , o que é normalmente a chapa quatro de qualquer programa eleitoral de uma candidatura autárquica que se preze .
Para o fim da sessão , alguém fez uma pergunta , entre a ingenuidade e a marotice , sobre o grandioso centro de estágios que fora bombasticamente anunciado ali para os lados de Buarcos .
Era estruturante e estratégico, dizia-se , e ia até servir para o Euro 2004....
Veio a informação : o plano falhou por razões várias (sic...) , mas está a ser planeado , em vez disso , um complexo polidesportivo que vai ter um campo de golfe e tudo...