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quinta-feira, novembro 05, 2009

A CRUZ

Pela leitura de uma notícia do PUBLICO de hoje, sob a o título “crucifixo continua presente em algumas escolas de aldeia”, vim a saber da existência de uma auto-denomidada Associação República e Laicidade (ARL) . Ignoro o que representa, quantos membros tem.Talvez seja uma associação daquelas de "vão-de-escada". Parece que actualmente o seu principal objectivo é fazer remover o crucifixo das escolas. Deve tratar-se de obsessão do foro da medicina psiquiátrica. Tal não obsta a que deva considerar tal obsessão como resultante de um jacobinismo infantilista e de uma ridícula menoridade cultural.
Para o bem e para o mal, a cruz é um símbolo identitário da nossa cultura civilizacional. Foi no caldo greco-cristão que se construiu a identidade da nação portuguesa e das nações europeias. Foi nesse caldo que se desenvolveram o Renascimento, o Iluminismo, os valores da Liberdade-Igualdade- Fraternidade, o princípio da separação dos poderes, os direitos humanos, o marxismo, o socialismo, o próprio laicismo. Foi aqui, neste caldo e nesta Europa cristã, identificada pela cruz ( muitas vezes usada para servir de bandeira para tantos crimes, é certo) que estes valores nasceram, se consolidaram e depois se espalharam pelo mundo inteiro. Não foi em África, nem no mundo dos Islão, nem tão pouco nas civilizações inca, azteca, indiana, chinesa ou japonesa. Como bem disse José Saramago, estou - estamos todos - “empapados” pela Bíblia e pelas mensagens dos Evangelhos.
Pretender retirar ou apagar o crucifixo como símbolo desta identidade e destes valores não é assumir uma posição laicista, nem uma posição contra a religião . É assumir uma infantil posição anti-cultural.

Ainda segundo a mesma notícia :

(...)
Em 2005, e por iniciativa da mesma ARL, o ministério ordenou a retirada dos crucifixos, mas, segundo Ricardo Alves, daquela associação, a ordem chegou apenas às escolas onde tinha havido queixas dos pais.
Terá sido o que aconteceu na Escola do Viso, na Figueira da Foz. “Há três anos recebemos indicações para retirar os crucifixos”, diz uma professora. (...)

Pelos vistos retiraram. Como figueirense, sinto-me envergonhado perante tal exemplo de menoridade cultural.

Cabe por fim uma declaração de interesses.
Tive uma educação cristã, católica. Andei na catequese. Cheguei a saber as orações da eucaristia em bom latim. Nada disso me fez mal nenhum.
Depois, ainda na minha juventude, fui intelectualmente atraido e naveguei um pouco pelos marxismos científicos, e deixei de ser crente. Quer dizer, deixei de crer na divindade de Jesus de Nazaré, essa pessoa única na história do homem, que tamanha influência teve nesta. De tal modo que a mesma história se divide entre o antes e o depois. Antes de Cristo e depois de Cristo.
A cruz é o símbolo e a bandeira que marcam e celebram o momento dessa grande viragem.

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