domingo, julho 15, 2007
SANHA HIGIENISTA
A sanha higienista de alguns legisladores indígenas roça por vezes as raias do ridículo, do absurdo e até da pura idiotia.
O seu zeloso braço policial é a ASAE, equipada com integristas ayhatolas, que ainda conseguem mais assanhados que os indómitos legisladores.
Há dias ouvi na rádio ums nova história de regulamentação sobre a venda das bolas-de-berlim nas praias portuguesas.
Pensei em escrever duas tretas sobre o ridículo tema. Não foi preciso. Muito melhor do que eu o faria, fê-lo agora Vasco Pulido Valente, no PUBLICO de hoje, com o seu inimitável sarcasmo.
Não resisto a deixar transcritos alguns trechos:
“Não sei como a minha geração, que viveu permanentemente em perigo de morte, conseguiu chegar à idade adulta. A bolas de berlim, por exemplo. Quando, em 1940 ou 50 comecei a ir à praia, comia bolas-de-berlim, com a criminosa colaboração da minha família. Aparecia a D. Aida com a sua lata e, em dez minutos, lá iam as bolas a escorrer de creme, sem qualquer investigação ou autorização do Estado.
O estado nessa altura não se interessava pela minha saúde. Fazia mal, fazia muito mal. Agora felizmente existe uma Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a ASAE, que vigia este delicado comércio.
As bolas têm de estar em malas térmicas com uma temperatura de, pelos menos 7 graus, têm de ser servidas com pinças ( suponho que para evitar o pernicioso contacto da mão humana) e os vendedores têm, como é natural, de tirar um curso especial de “manuseamento”. As multas vão até aos 3740 euros: coisa que se percebe muito bem quando se trata de combater a bactéria e a toxina e, sobretudo, de proteger a infância.
A sanha higienista de alguns legisladores indígenas roça por vezes as raias do ridículo, do absurdo e até da pura idiotia.
O seu zeloso braço policial é a ASAE, equipada com integristas ayhatolas, que ainda conseguem mais assanhados que os indómitos legisladores.
Há dias ouvi na rádio ums nova história de regulamentação sobre a venda das bolas-de-berlim nas praias portuguesas.
Pensei em escrever duas tretas sobre o ridículo tema. Não foi preciso. Muito melhor do que eu o faria, fê-lo agora Vasco Pulido Valente, no PUBLICO de hoje, com o seu inimitável sarcasmo.
Não resisto a deixar transcritos alguns trechos:
“Não sei como a minha geração, que viveu permanentemente em perigo de morte, conseguiu chegar à idade adulta. A bolas de berlim, por exemplo. Quando, em 1940 ou 50 comecei a ir à praia, comia bolas-de-berlim, com a criminosa colaboração da minha família. Aparecia a D. Aida com a sua lata e, em dez minutos, lá iam as bolas a escorrer de creme, sem qualquer investigação ou autorização do Estado.
O estado nessa altura não se interessava pela minha saúde. Fazia mal, fazia muito mal. Agora felizmente existe uma Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a ASAE, que vigia este delicado comércio.
As bolas têm de estar em malas térmicas com uma temperatura de, pelos menos 7 graus, têm de ser servidas com pinças ( suponho que para evitar o pernicioso contacto da mão humana) e os vendedores têm, como é natural, de tirar um curso especial de “manuseamento”. As multas vão até aos 3740 euros: coisa que se percebe muito bem quando se trata de combater a bactéria e a toxina e, sobretudo, de proteger a infância.
Mas não se julgue que a ASAE fica por aqui. Sendo uma policia cumpridora, não esquece esse outro foco de infecção, que tanto envergonha Portugal : a festa popular.
O povo, manifestamente, precisa de quem o defenda de si mesmo. E a ASAE não hesita. Na festa de Odivelas, fechou 16 barracas que vendiam “alimentos” por “falta de higiene” e “deficientes condições técnico funcionais”, e apreendeu 25 qulos de produtos “fora das regras”.
Quantas vidas não salvou com esta intervenção paternal? E que exemplo não deu a dezenas de loucas localidades, que preparam festas sem o escrúpulo e a assepsia que o nosso querido corpo exige.
(...)
Às vezes penso que, sem as bolsa-de-berlim da D. Aida, sem as feiras populares por onde inconscientemente andei e sem cow-boys, seria com certeza uma pessoa muito melhor.
Mas, por má sorte, o Estado do dr. Salazar não me educou, nem educou o povo, como o Estado benemérito e providencial da “Europa” e do engº Sócrates.
Não se imagina o que sofri com isso. E o que ainda sofro."