terça-feira, outubro 12, 2004
BACALHAU A PATACO
Ao melhor estilo e modelo de encenação peronista , Santana Lopes veio prometer :
- baixar o IRS , sem explicar muito bem se vai compensar a baixa com outras receitas ou se , simplesmente, as receitas do Estado diminuirão por esse efeito ;
- aumentar salários da função pública e aumentar generosamente as pensões de reforma , sem explicar se vai cortar outras despesas correntes do Estado, e quais vai cortar
- fazer este milagre da multiplicação dos pães , sem com tal agravar o deficit das contas do Estado , cumprindo o compromisso dele não exceder os tais 3% do PIB...
Estamos perante uma variante do bacalhau a pataco dos tempos da 1ª República , a descoberta do complexo problema da quadratura do círculo , o encontro da fórmula mágica de se conseguir sol na eira e chuva no nabal .
Numa manobra de fuga para a frente , obcecado por preocupações do mais primário eleitoralismo , e colocando em prática o já conhecido princípio do “ depois se vê” , Santana Lopes promete tudo , o céu, a lua, a felicidade , a vida eterna ...
Para o custo das promessas caber no quadro orçamental , irá certamente fazer a habilidade de inventar e sobrestimar receitas , na má fé cega de que irá surgir um milagre económico , e que o produto irá crescer a não sei quantos por cento.
Foi o que fez na Figueira da Foz , na execução orçamental de 2001 , último ano do seu mandato como Presidente da Câmara , e já colocado na rampa para lançamento da sua candidatura à Câmara de Lisboa .
Lembremos como foi, em números redondos .
No orçamento para o ano de 2001 , inventou previsões de receitas no montante total de 17 milhões de contos. Mas na execução orçamental , só se conseguiram efectivamente arrecadar 11 milhões de contos na tesouraria municipal .
O pior é que , ao longo dessa execução orçamental , ele a sua obediente equipa fizeram cabimentar 15 milhões de contos , isto é , fizeram a Câmara Municipal tomar compromissos firmes de despesa de pelo menos 15 milhões de contos .
No final do exercício , faltavam obviamente 15 -11 = 4 milhões de contos .
Foi o buraco financeiro que deixou para o ano seguinte, para o novo elenco camarário.
Que este teve de tapar , mais ou menos em situação de emergência , com recurso a empréstimos à banca de 4 milhões de contos.